Legendagem – um olhar sobre a tradução automática

Nos últimos anos, a progressiva evolução da tradução automática (TA) tem sido notória através da sua implementação na indústria da tradução. A legendagem não é exceção, e entre os tradutores levantam-se questões acerca da sua utilidade no trabalho, bem como sobre a eficácia desta forma de tradução. Será uma mais-valia ou um obstáculo na vida dos profissionais?

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A tradução audiovisual tem verificado um aumento de trabalho devido à constante produção de programas televisivos e à presença marcante das plataformas de streaming na sociedade atual. Tendo isto em consideração, a implementação da TA na legendagem soa inovadora e tranquilizante. Desta forma, um tradutor tem a possibilidade de se encarregar de mais projetos, sem a preocupação com os prazos de entrega. Ainda assim, há a consciência de que a TA não é perfeita e de que o papel do tradutor continua a ser necessário na pós-edição.

Relativamente à tradução para o português europeu, a principal adversidade que surge com a TA é a sugestão frequente de termos do português do Brasil. Nem todos os motores de TA distinguem o português de Portugal do português do Brasil, o que precisa de ser considerado.

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Em particular, na tradução audiovisual acrescem-se outros problemas provenientes da falta de contexto. Ao contrário do tradutor manual, a máquina é incapaz de reconhecer situações, tipos de formalidades e géneros. Tais parcialidades implicam que o tradutor foque a sua atenção na edição. Consequentemente, o profissional perde a possibilidade de expor a sua criatividade, sendo inevitavelmente influenciado pela tradução que lhe é apresentada pela máquina.

Adicionalmente, a qualidade da TA varia conforme o par linguístico a ser utilizado. Se um par linguístico com maior proximidade a nível de estruturas gramaticais vai apresentar melhores resultados, um par linguístico com especificidades gramaticais únicas terá um resultado menos satisfatório, sendo, assim, necessária uma pós-edição mais cuidadosa.

Outro dos principais problemas associados à TA, é a falta de capacidade de reconhecimento e de tradução de expressões idiomáticas por parte da máquina. Sendo que a TA consiste sempre numa tradução mais literal, as expressões idiomáticas são traduzidas igualmente à letra, não fazendo justiça ao seu verdadeiro significado. Esta representa, então, mais uma razão para a necessidade de revisão da TA pelo tradutor, principalmente na legendagem, em que predomina o discurso oral e, como resultado, as expressões muitas vezes mais coloquiais.

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As principais situações a ter em conta ao pós-editar uma TA são a tradução ao nível da formalidade da situação, do género das palavras utilizado e de expressões idiomáticas, bem como os casos em que a TA eventualmente eliminar partes do texto.

Ainda assim, a TA pode ser relevante para este tipo de projetos. Embora seja pobre e por vezes demasiado literal, pode auxiliar o tradutor quando em dúvida. O facto de lhe ser já apresentada uma solução confere-lhe uma perceção primária da tradução e permite depois que o tradutor organize o pensamento com base nessa tradução. Desta forma, evita perda de tempo na procura de uma tradução e sente-se incentivado, visto não ter de fazer a tradução de raiz.

Além de ser uma forma de poupar tempo e aumentar a rentabilidade, a TA espelha também benefícios económicos para o tradutor. Ao aumentar a velocidade de trabalho, consegue, como já vimos, realizar mais traduções no mesmo período de tempo. Apesar da remuneração pela TA ser menor, aumentando a sua produtividade, o tradutor conseguirá lucrar mais com este tipo de trabalhos.

Podemos, desta forma, entender que a TA traz vantagens e desvantagens, dependendo do perfil do tradutor, da sua adaptabilidade e do seu aproveitamento das ferramentas de TA, sendo ainda uma forma de tradução evitada por muitos, apesar de cada vez mais requisitada.

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